A passagem da tempestade pós-tropical Gabrielle, cujos efeitos se fizeram sentir com maior intensidade nas ilhas do grupo central, causou prejuízos significativos na cultura do milho para forragem.
Durante o mês de setembro verificaram-se temperaturas médias do ar elevadas, bem como valores de precipitação altos na maioria das ilhas. Nas ilhas do grupo oriental, a quantidade de precipitação total foi mais baixa, sobretudo na ilha de Santa Maria, onde quer a quantidade de precipitação, quer a frequência, foram muito reduzidos. No final do mês ocorreu a passagem, pelo arquipélago, da tempestade póstropical Gabrielle, a qual se fez sentir com maior intensidade nas ilhas do grupo central
Quadro 1 – Temperatura e Precipitação no mês de referência
O valor da temperatura média do ar variou entre 20,6 ºC na ilha Terceira, e 21,8 ºC na ilha de Santa Maria; a temperatura mínima mais baixa foi 13,7 ºC, na ilha de São Miguel, e a máxima mais elevada foi 29,2ºC, na ilha do Faial.
Quanto à precipitação, o valor mais elevado dos totais mensais foi registado na ilha das Flores (197,8 mm) e o valor mais baixo na ilha de Santa Maria (3,5 mm).
Embora tenham ocorrido muitos dias de bom tempo no mês de setembro, a passagem da tempestade Gabrielle causou danos significativos, afetando particularmente a cultura do milho forrageiro nas zonas em que as silagens ainda não tinham sido feitas. Algumas frutícolas sofreram também prejuízos, principalmente as bananeiras.
O aumento da precipitação foi favorável à produção das pastagens, observando-se uma melhoria significativa no desenvolvimento vegetativo, com exceção das ilhas de Santa Maria e Graciosa. Nesta última ilha, apenas as áreas de luzerna apresentam bom aspeto vegetativo.
Quadro 2 – Áreas de Sementeira ou Plantação no mês de referência
A área plantada com inhame manteve-se idêntica à do ano anterior em todas as ilhas. Quanto à área de batata-doce, verificou-se um aumento de cerca de 10% na ilha do Pico, relativamente ao ano passado, permanecendo uma área semelhante nas restantes ilhas.
A tempestade Gabrielle foi particularmente prejudicial à cultura do milho, quer para grão, quer para forragem. O milho grão, cultura com cada vez menos expressão no arquipélago, apresenta um aspeto vegetativo irregular, observando-se danos na folhagem causados pela tempestade ocorrida. Nas zonas onde o vento atingiu maior intensidade, o milho encontra-se totalmente acamado.
A banana foi também uma das culturas mais prejudicadas, sobretudo nas áreas onde a produção estava mais atrasada. O efeito do vento nas plantas com cachos próximos da maturação, bastante pesados, causou a queda de um número considerável de plantas.
Quadro 3 – Estado das culturas no mês de referência
As laranjeiras e os castanheiros, embora tenham sido atingidos pela tempestade em alguns locais, não foram muito afetados, apresentando no geral um aspeto vegetativo e uma frutificação satisfatórios.
Quadro 4 – Colheitas no mês de referência
As condições climáticas ao longo do ciclo de desenvolvimento da batata do tarde foram favoráveis, não se registando problemas sanitários relevantes. Assim, obteve-se uma produção semelhante à do ano passado e dentro dos parâmetros considerados normais.
A cultura do milho forragem foi a mais afetada pela tempestade Gabrielle, sobretudo nas ilhas do grupo central, bem como no caso dos milhos que ainda não tinham sido colhidos, tendo os ventos fortes provocado a queda de diversas áreas de cultivo. Tal facto tem dificultado muito a colheita para ensilar, obrigando a que seja feita manualmente nas áreas mais afetadas, porque as máquinas não podem operar nas condições aí verificadas.
Quanto à produção de vinho, confirmaram-se as expetativas de uma muito boa produção, em quantidade e em qualidade. A produção obtida foi superior à considerada normal e muito superior à do ano anterior.
O chá tem tido um bom desenvolvimento vegetativo. Registou-se uma produtividade dentro dos parâmetros considerados normais e semelhante à do ano anterior, mas com uma qualidade superior.
Nota metodológica
Introdução
O Estado das Culturas e Previsão das Colheitas (ECPC) é um projeto mensal que disponibiliza informação de carácter previsional, relativamente a áreas, rendimentos e produções das principais culturas dos Açores.
A abrangência da operação estatística, no âmbito da produção vegetal é relativamente vasta, permitindo o acompanhamento das principais culturas.
Recolha
A recolha da informação junto das explorações agrícolas é feita de forma sistematizada garantindo a cobertura espacial e heterogeneidade cultural adequada, e promovendo contatos regulares com os agricultores representativos da realidade agrícola da área de atuação. As hortas familiares não são consideradas.
As fontes de informação, constituem mais um dos vetores sobre os quais assenta a recolha, exigindo um esforço contínuo no sentido de avaliar a representatividade e credibilidade das fontes contactadas e garantir que este inventário acompanhe a evolução dos agentes económicos acreditados regionalmente. Estas fontes incluem: peritos regionais, cooperativas agrícolas, associações de agricultores, empresas do ramo agroindustrial, organismos de intervenção agrícola e de coordenação e estruturas de mercado (empresas de serviços e assistência técnica, nomeadamente as relativas à venda de fatores de produção).
A recolha assenta ainda na observação direta da paisagem.
Tratamento de Informação Quantitativa
O tratamento da informação tem como base, os dados disponíveis referentes à área, rendimento e produção do ano anterior (n-1), por cultura.
A informação deverá ser transmitida através de índices correspondentes às variações, relativas ao ano anterior (n-1), de áreas (apenas para as culturas temporárias), rendimentos das culturas e produções, segundo um calendário cultural. Para os rendimentos e produções é produzida também informação, através de números índice, relativamente a um ano considerado normal.
Índice 100 – Área homóloga do ano anterior: um valor menor, igual ou maior que 100 significa uma área inferior, semelhante ou superior, respetivamente, à do ano anterior.
Índice 100 – Produção global do ano anterior: um valor menor, igual ou maior que 100 significa uma produção inferior, semelhante ou superior, respetivamente, à do ano anterior.
Índice 100 – Produção considerada normal: um valor menor, igual ou maior que 100 significa uma produção inferior, semelhante ou superior, respetivamente, à de um ano considerado normal.
Tratamento de Informação Qualitativa
Sinais convencionais
Aos informadores é solicitada a abordagem de aspetos determinantes da conjuntura agrícola, como a influência das condições climatéricas, fitossanidade e outros assuntos que possam ser considerados relevantes, relacionando-os com o estado das culturas.
– – Dado nulo ou não aplicável
x – Dado não disponível
‘ – 1.ª Estimativa
‘’ – 2.ª Estimativa





